ATÉ SANGRAR

Quando meu passo à deriva buscar alguma paz em teu divã;

Arranque de mim esse leviatã que engasga mas não cospe a minha confiança;

Um hemisfério de meu olhar já foi esperança, hoje são ambos vencido titã;

A solidão se tornou-lhes irmã, para entulhar todos os poços de temperança!

Eu não queria que meu ar chegasse a ti tão madrigal;

E perceber meu paladar flertar com o teu sal, numa indução insinuante;

Fujo a essa fascinação por todo instante, preciso ultrapassar o temporal;

E se preciso for enamorar meu mal, assim farei para infertilizar o adiante!

Sei que meus versos elucidam o que descrevem por elipses;

E são difíceis de expor meus hematomas enumerados;

Em ti meus convergentes se acham desencontrados, pois fez meu céu um mar de eclipses;

De tal forma que se me visses, a ti verias nesse reflexo estampado!

De sorte que não sou forte a ponto de me mostrar tão digno;

E sigo qual mendigo ávido pela sorte que nunca chegará;

Permita-me, pois, não te amar e aderir a um viver que não consigo;

Querendo te esquecer prossigo, e luto comigo, até sangrar!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 20/12/2008
Código do texto: T1345749
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