CAFÉ AMARGO
Reconheço tua face
Reconheço tua voz
As palavras expressas
O café ainda quente
Com a espuma de leite
Marcando suavemente
Teus lábios vermelhos
E aquela poltrona
Tão firme
Tão nobre
É agora lugar de aconchego
Para um dos monumentos
Mais belos de todos os tempos
Corpo Celeste
Dorso perfeito
Ainda lembro dos momentos
Das brincadeiras
Dos elogios
De seu jeito simples de aproveitar o dia
De seu meigo timbre para desaprovar minhas manias
Aqui, exatamente neste lugar
Idêntico ao mesmo de tempos atrás
Bem ali naquele balcão
Ali, no desgastado chão
Que nos conhecemos
Que nos preenchemos
De aroma
De calor
E posteriormente
Com sorrisos
Com o tão sonhado amor
Hoje sou apenas mais um
A te reparar já seduzido
A te desejar redimido
Pelos erros que cometi
Por tão iportuno que fui
Por te deixar partir
Descobrindo nas tristes horas
Que não haveria volta
Hoje percebo
Que nosso amor foi forte
Intenso
Porém, Expresso
E a dor, foi mais amarga do que pensei
Hoje, sinto que o tempo não parou
E que as marcas hoje fracas
São tão presentes quanto antes
Hoje sei que meu lugar
Foi preenchido
E como é difícil saber
Que neste momento
O que posso fazer
É voltar para casa
Sozinho
Na companhia somente
De uma xícara vazia
Retratando o que
Agora sinto:
Um vazio.