DISSESTE-ME...

Que as palavras e o amor se deviam dizer e fazer de noite

E não de dia

Pois era à noite que te sentias no teu elemento

Uma espécie de Rainha

Disseste-me…

Que no crepúsculo

Nunca me irias deixar

Pois sentias este excessivamente insustentável

Para sozinha o passar

Disseste-me…

Que o tal Amor

Deveria ser por todos partilhado

Como irmãos de um dúbio sangue

E que por isso

Nunca poderia muito tempo

Estar a teu lado

Disseste-me…

Que o teu som preferido

Era dum melancólico e lúgubre violino

E que só se o entendesse

Como Tu

Poderia ficar contigo

Disseste-me…

Desesperada por uma certa imortalidade

E que a certa altura

Quiseste que eu fosse a parte que te faltava da tua interioridade

Ansiando por partilhar

Num segundo ou para sempre

Tudo o que Eras comigo

Mas a perenidade constituía para mim

Um assunto demasiado sagrado

Ao fim de tantos amores malogrados

Que era incapaz de viver

Assim tão plenamente com alguém

E essa era uma escondida verdade

Por isso quando te revelaste por fim

Era demasiado tarde…

Disseste-me…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 18/12/2008
Reeditado em 18/12/2008
Código do texto: T1341742
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