DISSESTE-ME...
Que as palavras e o amor se deviam dizer e fazer de noite
E não de dia
Pois era à noite que te sentias no teu elemento
Uma espécie de Rainha
Disseste-me…
Que no crepúsculo
Nunca me irias deixar
Pois sentias este excessivamente insustentável
Para sozinha o passar
Disseste-me…
Que o tal Amor
Deveria ser por todos partilhado
Como irmãos de um dúbio sangue
E que por isso
Nunca poderia muito tempo
Estar a teu lado
Disseste-me…
Que o teu som preferido
Era dum melancólico e lúgubre violino
E que só se o entendesse
Como Tu
Poderia ficar contigo
Disseste-me…
Desesperada por uma certa imortalidade
E que a certa altura
Quiseste que eu fosse a parte que te faltava da tua interioridade
Ansiando por partilhar
Num segundo ou para sempre
Tudo o que Eras comigo
Mas a perenidade constituía para mim
Um assunto demasiado sagrado
Ao fim de tantos amores malogrados
Que era incapaz de viver
Assim tão plenamente com alguém
E essa era uma escondida verdade
Por isso quando te revelaste por fim
Era demasiado tarde…
Disseste-me…