Andando na chuva com o Menino
Edson Gonçalves Ferreira
Acordei preocupado com a chuva
Mais de quatro dias chovendo
Ao abrir a porta do quarto, vi o Menino correndo dentro de casa
As luzinhas da árvore de Natal estavam acesas
Fui apagá-las, para economizar
O Menino não deixou
Disse-me que o colorido das lâmpadas alegraria minha manhã
Chamei-O para dar uma volta
Ele agarrou as minhas mãos
Peguei o guarda-chuva e Ele sorriu
Quando chegamos na rua, largou as minhas mãos
Convidou-me para brincar na enxurrada
Falei que não
Era perigoso demais, atualmente
Na minha infância, eu brincara muito
Estava preocupado com as chuvas e a enchente
Então Ele me disse que era preciso respeitar a Natureza
Concordei com Ele
Colocando o pezinho na enxurrada, Ele falou de sua Mãe
Diz que Ela estava preocupada com o mundo
O ser humano não mede as conseqüências dos seus atos
Eu só pude concordar com o Menino
A fala mansa e infantil Dele, cheia de sabedoria
Peguei o controle remoto e abri a porta da garagem
Pensei que Ele entraria comigo
Senti que minha mão estava vazia
Ela se fora como veio
Sem anúncio
Afinal, eu nunca fui anunciado!
Divinópolis, 17.12.08