SEPARA-NOS... (Poema 1550)

O ínclito espaço

De várias ou apenas uma geração

Separa-nos

A minha sede pela imortalidade

Que me faz ir por caminhos tais

Que impedem

Essa improvável mas ansiada União

Separa-nos

O teu doce olhar

Que exibes envolto em inúmeras ternuras durante o dia

Separa-nos

A minha incapacidade de reter e preservar a beleza

Numa alma

Que tudo perde em noites quentes para mim, mas para ti frias

Invólucro duma aura

Sequiosa e consciente da sua pobreza

Que ao mesmo tempo

Demasiado cria

Separa-nos

A minha capacidade de perceber os grandes mistérios do Universo

E de não saber os pequenos que vivem e morrem ou proliferam em 24 horas

Separa-nos

O querer reter tudo sem o assimilar

Sem demora

Separa-nos

O suave toque dos nossos lábios

Os envolventes e seguintes afectos

Separa-nos

Em conhecer

Mas ousar querer para sempre

Para germinar e estudar esta tão cara espécie de objecto

Separa-nos

A concepção do Amor

E a sua constante profusão

Separa-nos

Eu não conseguir distingui-lo

Entre a alma

E o coração…

Separa-nos…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 17/12/2008
Reeditado em 18/12/2008
Código do texto: T1340362
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