DEIXA PASSAR O TEMPO, MEU AMOR, DEIXA PASSAR O TEMPO...
Flor que se planta por e ao acaso
E ao nascer
Faz correr um frémito de admiração
Flor plantada em antigos campos de cinzas
Onde em tempos enterrei o meu coração
Sinal que a esperança não é algo vago
É algo real
Do qual posso tirar provento
Perante a ampulheta imprevisível
Suspiro e digo
Deixa passar o tempo, meu amor, deixa passar o tempo…
E eu…
Eu olho as nuvens por mim a desfilar
Esperando que a sua cadencia seja interrompida
Para um pouco de sol admirar
Deixando a minha modorra emotiva
Que brilha quando o nevoeiro
Ou algo no seu lugar
Me conduzem para uma espécie
De mundo palaciano interior
Onde costumo hibernar
Porque se debaixo da Grande Árvore da criação me foste encontrar
Sorrindo com ternura
Me pedindo para te acompanhar
Em mil e uma aventuras
Por mil e um locais
De rumo indefinido
Que me completavam, que janelas da percepção abriram
Mas na verdade
O que mais me interessava era estar contigo
Nesse grande palco que era o mundo e as suas ramificações
Tudo acaba, tudo começa
Nas poderosas emoções
Que como raízes invadiram o meu espaço
Me preencheram por infinitas e sábias razões
A despedida é sempre um fim do princípio
Com o qual estou a aprender a lidar
Neste meu promontório Universal
Onde tudo ou demasiado nada tenho a esperar
Pedindo-te a Ti
Que passas aleatoriamente por mim
Algo que me reforça e confere alento:
Deixa passar o tempo, meu amor, deixa passar o tempo…