O pai do Menino
Edson Gonçalves Ferreira
Levei um susto
Chove muito aqui e eu dormia até mais tarde
Acordei com a cama balançando
Abri os olhos e vi o Menino pulando no colchão
Escute aqui, isso não é pula-pula
Respeite-me que eu estava dormindo
Seu pai não Lhe deu educação
Ele, o Menino, continuava pulando
Com o olhar sereno e profundo, inspirou-me calma
Depois, Me disse que o pai Dele era incrível
Não como contam
Ensinou-me que o pai Dele se parecia muito com os outros pais
Disse que São José era fantástico
Tinha uma paciência enorme para ensinar-lhe o ofício de marcenaria
Sempre fora amoroso com a Sua Mãe
Desde a gravidez, tratava Maria com se trata uma rainha
Mas esclareceu que ele, São José, era sério nas cobranças
Sabia que o Menino tinha dois pais
Enquanto crescia, teria que obedecer-lhe, porque estava na Terra
Cada coisa no seu devido tempo, José pregava
Eu escutava atento, perdera o sono
O Menino já não pulava no colchão,
Ele tinha assentado com as pernas cruzadas debaixo da bundinha
Parecia um sapinho de história infantil
Seu olhar penetrante atravessava meu coração
Ele enfatizou que São José, seu pai, foi um homem grandioso
E, depois, me cumprimentou
Porque eu escrevi o livrinho "O Menino do Zé"
Uma vez que todo mundo só fala no Menino de Maria
Ele achara bom
Fiquei todo inchado
Queria Lhe dar um abraço
Mas assim como apareceu, Ele sumira
Fiquei, então, com vontade de saltitar em cima do colchão
Depois, pensei, se eu escorregar, quebro a perna, né?
Divinópolis, 16.12.08