Chaga

Loucura maldita e desregrada

Facada hostil e silenciosa

Espinho de rosa, espada

Que me atravessa o corpo e me rouba

O calor e o frio e a chuva

Que me arruína por dentro

É o vento que me afasta de tudo

Imundo, é chaga dolente,

Serpente, peçonha e desgraça

Não passa, não cura, não fecha

Me amassa, me rói e amordaça

Corrói e não passa, não passa...

Desatino perdido não-vivo

Não-morto, ferido, esquivo

Castigo penoso, verdade, mentira

Me atira, me fere a noite

Açoite, é chicote, é sombra

E zomba e me esquece de todo

Sozinho, e tonto, enjoado

Passado, embolado, solado

Curvado por entre seus braços

Espaços vazios marcados

Me laça, me prende, me ata,

Me abraça, me mata, me mata...

É o corvo presságio de morte

É a sorte do desventurado

É o fado, é o fardo pesado

É o peso, é o peito molhado

Arrancado do corpo do homem

É a fome, é a guerra, é o lado

Madrugada do embriagado

Alvorada de quem não tem nada

É a fada sem asa, é o brado

Gritado, é a angústia, é a labuta

É a fruta, é o erro no plano

É a luta, te amo, te amo...

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 16/12/2008
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