CLEÓPATRA CABOCLA

Uma rainha dentre os mitos afortunados, me apareceu pelos rincões interioranos;

A culminância fulminante de seus fitos castanhos, pelo meu sangue se alastrou;

Longos e lisos cabelos que a química estética nunca visitou, ingênua meiguice de colóquios errôneos;

Incendiaram meus sonhos e de todos os meus hormônios não se apiedou!

Aquela pele tão mestiça é canto mago que ao desavisado enfeitiça;

E o paraíso escondido pelo vestido de tal modo me atiça, que posso vê-lo até não despojado;

Algo inenarrável foi arrancado contemplá-lo e vislumbrado sua então intocada vista;

Qual trôpego equilibrista, ali me vi entre o céu e o pecado!

Todo o delírio que encenamos será contado eternamente por minhas recordações;

Nem as febris alucinações poderiam edificar simpleza tão envolvente;

Musa inocente e de refinos ausentes, mata e nem sente os corações;

Ela é selvagem como os vulcões e tão imponente quanto as serpentes!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 15/12/2008
Código do texto: T1336820
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