POSSUÍDA MAS PROIBIDA

Moça casada que em fogo aflora, logo avista o que há além-gaiola;

Usa uma mola e o muro saltita, visando conhecer o lado de lá;

Mostra-se outra e se põe a voar, respira melhor o ar do mundo de fora;

Esquece o depois e só pensa no agora, aceita o preço que tiver de pagar!

Seu argumento é só sentimento, mas o seu corpo tem fome indecente;

O prato que almeja é tempero diferente, para sua sede quer vinho vedado;

A lady caseira na rua é pecado, discurso velado que se diz inocente;

Parece indefesa até quanto mente, seu fruto ardente é bem planejado!

Suas andanças trilhavam, quando o acaso nos aproximou;

A fome com o manjar dialogou e não ficaram digitais ou provas concretas;

Sua fuga discreta fantasias desertas logo inundou;

E a mim se entregou quem não me conhece nas praças e festas!

Ela me induz sem uso de força brutal, seus alfabetos ecoam silêncios;

Encontros intensos, queimando incensos entre paredes de clandestinidade;

Em paz com a moral da sociedade, travando com o pudor combates imensos;

Oposta a todos os rótulos pretensos, essa dos atos tão densos, na intimidade!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 15/12/2008
Código do texto: T1336744
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