POSSUÍDA MAS PROIBIDA
Moça casada que em fogo aflora, logo avista o que há além-gaiola;
Usa uma mola e o muro saltita, visando conhecer o lado de lá;
Mostra-se outra e se põe a voar, respira melhor o ar do mundo de fora;
Esquece o depois e só pensa no agora, aceita o preço que tiver de pagar!
Seu argumento é só sentimento, mas o seu corpo tem fome indecente;
O prato que almeja é tempero diferente, para sua sede quer vinho vedado;
A lady caseira na rua é pecado, discurso velado que se diz inocente;
Parece indefesa até quanto mente, seu fruto ardente é bem planejado!
Suas andanças trilhavam, quando o acaso nos aproximou;
A fome com o manjar dialogou e não ficaram digitais ou provas concretas;
Sua fuga discreta fantasias desertas logo inundou;
E a mim se entregou quem não me conhece nas praças e festas!
Ela me induz sem uso de força brutal, seus alfabetos ecoam silêncios;
Encontros intensos, queimando incensos entre paredes de clandestinidade;
Em paz com a moral da sociedade, travando com o pudor combates imensos;
Oposta a todos os rótulos pretensos, essa dos atos tão densos, na intimidade!