Um beijo, um adeus

Um beijo, um adeus...

Teu último gesto...

Tua última palavra, na

penumbra da noite que

teceu o discurso da despedida.

A Bacante usou, pela derradeira

vez, o vermelho escarlate

da paixão, que percorreu o

corpo e incendiou por

algumas horas o

frio dos lençóis.

O Mestre pode degustar

o último banquete, sorver

a gota que ainda restava

no fundo da garrafa quase

vazia, numa festa insana,

em um brinde indecente

ao ébrio e sempre atento Baco.

Os laços, ao final da noite,

foram desfeitos e os

caminhos agora dispersos,

feito a fumaça proibida que

inundou o espaço e

inebriou teus sentidos.

A Poetisa teve sua

noite de Bacante...

A Bacante, agora adormecida,

tem seu dia de Poetisa, ao

traçar no papel os fios

dos versos que se

entrelaçam no poema.

Onde tu andas agora?

E o teu pensamento, que curva

percorre, que linha reta planeja?

A curva, o desvio – a Bacante.

A linha reta – tua outra vida.

Impossível conciliar as duas,

tua dirias, no tecido

móvel das palavras.

Mas o tempo, implacável em

sua sabedoria, apenas dirá:

– Quem sabe um dia...

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 14/12/2008
Código do texto: T1334973
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