Um beijo, um adeus
Um beijo, um adeus...
Teu último gesto...
Tua última palavra, na
penumbra da noite que
teceu o discurso da despedida.
A Bacante usou, pela derradeira
vez, o vermelho escarlate
da paixão, que percorreu o
corpo e incendiou por
algumas horas o
frio dos lençóis.
O Mestre pode degustar
o último banquete, sorver
a gota que ainda restava
no fundo da garrafa quase
vazia, numa festa insana,
em um brinde indecente
ao ébrio e sempre atento Baco.
Os laços, ao final da noite,
foram desfeitos e os
caminhos agora dispersos,
feito a fumaça proibida que
inundou o espaço e
inebriou teus sentidos.
A Poetisa teve sua
noite de Bacante...
A Bacante, agora adormecida,
tem seu dia de Poetisa, ao
traçar no papel os fios
dos versos que se
entrelaçam no poema.
Onde tu andas agora?
E o teu pensamento, que curva
percorre, que linha reta planeja?
A curva, o desvio – a Bacante.
A linha reta – tua outra vida.
Impossível conciliar as duas,
tua dirias, no tecido
móvel das palavras.
Mas o tempo, implacável em
sua sabedoria, apenas dirá:
– Quem sabe um dia...