Suspiros como estes
“o poeta, esse grande fingidor…”
SUSPIROS COMO ESTES
Todos são capazes de ter
Pois basta amar alguém assim
E sei que me vão compreender…
Suspiros como estes
Que se agrupam ao som de uma música
Que em tempos
Muito longínquos foi também a tua
Suspiros como estes
Fazem o dia ser noite
E a noite dia
Na inconstância do que sinto
Pela simples razão dessa noite passar a ser fria
Suspiros como estes
Pois foi nessa noite
Que tudo aconteceu
Foi nessa noite
Que fui teu
Numa estranha osmose
Onde os corpos trocaram de lugar
Fundiram-se e explodiram
Num clamoroso ribombar
Derretendo também as palavras
Baralhando o dicionário
Inventando uma língua nova
E inesperada ditadura
Onde eu o livre e revolucionário
Tentando não ser tua
Ou pelo menos completamente
Evitando ser dominado por essa ordem única
Por isso tudo não passou duma enorme explosão
Que depois de acontecida
Me devolveu a razão
Pois livre era
Livre continuei a ser
Não mudavas o sistema demasiado político
Cheia de termos e poucas convicções
Dona do saber
E de todas as razões
Não acreditei pois em tudo o que me prometeste
Fiquei onde estava
Embora hoje não possa deixar de deitar
Suspiros como estes
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