Sonho fóssil, sonho fácil, sonho-fato
Sonho fóssil, sonho fácil, sonho-fato
No avesso do orvalho dos olhos,
do lado de dentro da gota salobra,
soçobra a mais pura tristeza.
A ausência do amor é o que resta
do sentimento que se rendeu
à intransponível indiferença de outrem.
Todo sonho insano, em versos cárneos,
consumiu seu seio, descobrindo os ossos.
E nem o pútrido odor, nem isto restou.
Somente pétreos ossos, que se ostentam brancos,
pois nem mesmo o pó se lhes adere,
me sustentam no abismo aparentemente infindo.
Nesses sentimentos ósseos, restos de dissolutos sonhos,
onde se extirparam até as raízes do amor,
fossiliza-se o poeta, sob espessas camadas de indiferença e temor.
(Djalma Silveira)