Bola de gude
Edson Gonçalves Ferreira
Quase levei um tombo, ontem,
Quando entrei em casa, derrapei numa bolinha de gude
E, ao olhar, atentamente, vi o Menino brincando, sozinho
Deitado sobre um dos tapetes na sala, de bolinha de gude
Perguntei-Lhe se sabia que era intrometido
Entrara quando eu não estava
Apenas sorriu e disse que Ele sempre estava em toda parte
Fingi ignorar como se eu pudesse fazê-lo
Ele queria que eu brincasse com ele
Respondi que não tinha tempo
Tinha que corrigir provas, entrar no Recanto
Ele me olhou com Seus Olhos Pedintes
Então, eu me agachei e brinquei um pouco com Ele
Achei engraçado, porque cada bolinha parecia um planeta
Principalmente, quando estava nas mãos Dele
Interroguei-O sobre o problema da Natureza
Respondeu-me sem palavras, acariciando a bolinha mais azul
Pensei, então, nas nossas limitações
Bocejei e Ele me olhou, profundamente, atravessou meu coração
Entendi que Ele dizia que a minha missão ainda ia longe
Que eu devia multiplicar a minha capacidade de amar
Sendo cada vez mais amoroso com todos
Uma vez que, afinal de contas, estamos todos no jogo da vida
Só que as bolinhas de gude somos nós
E o nosso planeta no infinito do universo
Cores diferentes, mas todas rolando em direção a Ele
E, quando voltei dos meus pensamentos, Ele sumira.
Divinópolis, 13.12.08