SORRISO VENIAL

Entre as brumas de um tempo

Que não sei se feito de sonhos

Ou demasiado real

Vejo o teu

Sorriso Venial

Que me convida

A uma outra graça

Que embora não mate

Parece-me imortal

Desafiando as minhas leis

Sorriso Venial

E nele me convidas

Para no teu mundo entrar

Mas quando o tento

Sinto as tuas portas

A minha passagem negar

E Tu de onde vens

O que te trás até mim

Depois de quebrares o sortilégio

Que fiz

Para me proteger

De gentes que não conheço

Ou desconheço

E que me querem conhecer?

E se já viajei tanto

Tantas voltas dei ao Universo

Peço-te que me deixes no canto que escolhi

O único em mais de mil anos

Onde pouco se passou

Onde nada ou quase nada sofri

E se irrompes assim

Pela calada

De uma madrugada

Onde sai do meu mundo

Para ver o pulsar daquilo que me rodeava

Peço-te a imensa coisa

De me dares o nada

Esse tesouro

Que é o amor

Por coisas simples

Mas perfeitamente densas

E devidamente contextualizadas

Um Amor

Que sei

Nunca capaz de dar

E muito menos

De receber

Embora o teu corpo

E a tua alma

Sejam o altar

Que tanto anseio

Me possa acolher

Mas não…

Aprendi na minha eternidade

Que há certos caminhos

(por muito sedutores que aparentem ser…)

Que não posso

Nem devo

Percorrer

Pois se neles posso algo ganhar

Há muito mais a perder

Numa alegria mutua

Que me pode ser mortal

Corporizada

No teu

Sorriso Venial

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 12/12/2008
Código do texto: T1331759
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