SORRISO VENIAL
Entre as brumas de um tempo
Que não sei se feito de sonhos
Ou demasiado real
Vejo o teu
Sorriso Venial
Que me convida
A uma outra graça
Que embora não mate
Parece-me imortal
Desafiando as minhas leis
Sorriso Venial
E nele me convidas
Para no teu mundo entrar
Mas quando o tento
Sinto as tuas portas
A minha passagem negar
E Tu de onde vens
O que te trás até mim
Depois de quebrares o sortilégio
Que fiz
Para me proteger
De gentes que não conheço
Ou desconheço
E que me querem conhecer?
E se já viajei tanto
Tantas voltas dei ao Universo
Peço-te que me deixes no canto que escolhi
O único em mais de mil anos
Onde pouco se passou
Onde nada ou quase nada sofri
E se irrompes assim
Pela calada
De uma madrugada
Onde sai do meu mundo
Para ver o pulsar daquilo que me rodeava
Peço-te a imensa coisa
De me dares o nada
Esse tesouro
Que é o amor
Por coisas simples
Mas perfeitamente densas
E devidamente contextualizadas
Um Amor
Que sei
Nunca capaz de dar
E muito menos
De receber
Embora o teu corpo
E a tua alma
Sejam o altar
Que tanto anseio
Me possa acolher
Mas não…
Aprendi na minha eternidade
Que há certos caminhos
(por muito sedutores que aparentem ser…)
Que não posso
Nem devo
Percorrer
Pois se neles posso algo ganhar
Há muito mais a perder
Numa alegria mutua
Que me pode ser mortal
Corporizada
No teu
Sorriso Venial