CREPÚSCULO

Este crepúsculo de sangue

escorre pela sepultura

revoando do meu sorriso

pássaros noturnos

que levam embora

o sonho que restou em mim

Este crepúsculo de sangue

desenterra a cólera

e dos defuntos

sou o que se rebela

mais adolescente

do que a dúvida e a alegria

Pela espada cravada na tumba

escorre o deleite do meu sexo morto

pela tua púbis pantaneira

e se o crepúsculo é o riso irônico

do anjo da marginália desenhando a lua,

ainda tenho n'alma todo o amor

que o teu ser inspira

e se é crepúsculo recolher-se

ao cemitério quando o céu murmura

o amor violeta a saudade

pintando acenos quando a alma minha

vira a pomba estrelada do nosso Adeus