No princípio
Caçavam os homens enquanto
A arte despontava
Nas covas onde
mulheres desenhavam
Nos muros
Entre as fendas
Na luta do homem com o animal
O pânico de ficar à espera
Do nada
Do tudo
Milheiros de anos passaram
desde que numa charca
uma bactéria solitária
soltara sua substância
química
à procura
o grito mais primitivo
do estar só
o puro uivar sem ruído
'há alguém aí!?'
Aquelas mãos atadas
Do viver sem viver
Quando
O silêncio sangra
nem doe dor
Por um instante
amor
quando
ninguém sabe
amor