ESTE TEMPO QUE PASSA E NÃO PASSA...
Este tempo que passa
E ao mesmo tempo
Teima em não passar
Este tempo que leva
E trás de novo
O meu amar
E eu desejava
Que ele se cristalizasse
Na chuva suave que bate nas janelas
No fumo dum cigarro
Que me recuso por ora a acender
No brilho do teu sorriso
Que foi a última coisa
Que de ti pude ver
Revolta-me a tirania desse tempo
Revolta-me não o poder alterar
Revolta-me ter sido um quase amante
E com esse epíteto
Ter de me consolar
Nos passos firmes que dou
Em direcção a um futuro
Nas palavras calorosas
Que gero
Dando uma certa impressão
Afinal errada
Pois não sou assim tão indiferente
Assim tão duro…
Como a pedra
Com que talho
Mil e uma ficções
Com romances bem sucedidos
Com que consolo
As minhas goradas
E algo falhadas emoções
Onde há a vontade de extravasar
Naturalmente
E sem figuras de estilo
Um
“Amo-te…”
Que gostava que o tempo deixasse intocável
E nem sequer se atrevesse
A alterar…