CINZAS DA PAIXÃO

Já não tenho forças

Para te aconchegar

Falta-me um sentido concreto e definido

Para o nosso fogo alimentar

Já não consigo

Ver o horizonte de amor

Onde te costumava

Ver comigo

Já aprendi a nadar

Nas ondas alteradas

Agora calmas

Que eram fruto das lágrimas

A quando dos teus silêncios

Derramadas

Já não vejo num certo tipo de fantasmas

Um inimigo invencível

Faz parte do processo

Que constitui viver sem Ti

Que tem um algo de renascer

E já nada de risível

Já escrevo novas trovas

Dum vento que está por mim a passar

Estou ao mundo

Novos mundos dar

Já voltei à minha antiga paixão

De descobrir novas músicas

Novas palavras

De me deixar seduzir por elas

E de com elas renascer

Um pouco todos os dias

Do universo de cinzas

Resultado

Do arder

Do que fomos

Ou poderíamos ter sido

Duma ilusão

Ou do êxtase

De ter vivido

Numa outra dimensão

Onde tinha deixado o meu Ser

E trocado por outras vestes

Que definitivamente me estão apertadas

Indicio por demais óbvio

Que devo regressar ao velho novo mundo prenhe de estrelas e dum certo tipo de outras palavras

Minha real

E genuína morada…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 10/12/2008
Código do texto: T1328371
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