Contatos mediatos
Contatos mediatos
Nesse mar de janelas abertas
Navegar é preciso ou incerto?
No azul dessas telas espertas
Norte e Sul aparecem tão perto!
Essas faces com jeito contente
São matrizes de pontos ou gente?
E as suaves palavras de agrado,
Vem de dentro ou do frio teclado?
Dessa imagem, eu penso e repenso,
Qual será o verdadeiro semblante?
E o abraço é um gesto distante
Ou, de fato, um abraço imenso?
Dar um clique no X é tão rude
Que eu me indago depois, de verdade,
Do valor virtual da virtude;
Da saúde mental da saudade.
Um momento! E as cartas, bilhetes
Não trocavam afetos, suspiros?
E os ícones de ramalhetes
Valem menos depois do antivírus?
E esse alguém tão legal, misterioso,
Não sentiu igualmente o prazer,
De enviar pelo fio luminoso
O melhor do seu jeito de ser?
Esfinge, Jung, Freud, labirinto,
Navegando eu vos decifrarei.
A saudade gostosa que sinto
É de um sonho feliz que sonhei.
Wolô
wolo@mail.com