Ouve, amor
Ouve, amor, o silêncio das horas
que repousam quando
penso em ti.
É como se o tempo em mim
não existisse e fizesse
seu percurso longe
de tais pensamentos.
As horas que o relógio marca
quebram-se em instantes,
fragmentam-se na doçura
de tuas palavras.
Ouve, amor, as batidas
dissonantes do meu coração,
no descompasso do teu,
o suspiro entrecortado que
foge de meus lábios, no
desejo premente de teu beijo
que ainda não sei,
apenas penso.
Penso na possibilidade
do encontro que a chuva
desfez, como se fosse mero
desenho de giz na calçada,
no movimento frenético da
multidão que desconhece
a angústia em meu peito
que quer tão somente
o desejo em ti.
Ouve, amor, o apelo de minhas
palavras na intenção de meus
versos, na construção
melíflua desse poema.
Para, no fim, tudo ser apenas
o teu silêncio em mim.