Sonho e mistério

Inocente mistério esse amor nosso,

cais encalhado em areias de dores,

um rio que me escorrega ao mar

do outro lado do que aqui não quer ficar

e reluta, chora, desdiz e vai embora.

Onda alta, mar bravio, choro baixo.

Tu não és a mulher santa dos meus braços

nem a outra impura que a mim se misturou.

Hei de traçar roteiros entre desejos

e os mistérios, todos, desfazê-los

para em teu peito pôr a minha âncora,

refazer o cais tolhido,

dar-te um beijo bem querido e dizer:

tudo é novo agora...

se pensaste ir, não vás mais embora...

fica, diverte-te, ama-me,

porque se trouxeste o teu lençol, dou-te minha cama

para que o sonho seja mesmo de nós dois.