ENTÃO EU SOUBE QUE ERA VOCÊ

(uma carta de amor)

Procurava, algo, alguma coisa, alguém

Que me fizesse um bem

Que me trouxesse alento as noites frias

De verão

Tocasse indelével o meu coração

E dali, o corpo todo

Que descobrisse em mim

Algo que eu nem sabia existir

Como se fosse um elixir

Embriagasse-me com seu ardor

Deixando me em torpor

Desnudo de sentimento

Eu procurava sim, em qualquer canto

Qual foi o meu espanto

Que onde menos esperava

Eu vislumbrei um olhar

Não pude acreditar

Você sorriu pra mim

E eu balbuciei

Palavras inaudíveis

Que só o peito escuta

Você me respondeu

Com um silêncio encantador

E reduziu o meu pudor

A trapos e retalhos

Ah! E tudo em volta se transformou

O tempo até se congelou

Pra ver aquele acontecimento

Eu pus a mira em teus lábios

E teus lábios me devolveram o tiro

A intenção me lancinou

A languidez me devorou

Entreguei-me inteiro

E você aceitou cada parte

Sorveu cada gota de minha alma

E quando achava que me exauria todo

Que era um vampiro que me sugava o âmago

No ápice da perdição eterna

Quando não havia mais nada

Do pouco que tinha

Você me deu o seu batom

Então eu soube que era você

Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 08/12/2008
Reeditado em 10/12/2008
Código do texto: T1324294
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