ENTÃO EU SOUBE QUE ERA VOCÊ
(uma carta de amor)
Procurava, algo, alguma coisa, alguém
Que me fizesse um bem
Que me trouxesse alento as noites frias
De verão
Tocasse indelével o meu coração
E dali, o corpo todo
Que descobrisse em mim
Algo que eu nem sabia existir
Como se fosse um elixir
Embriagasse-me com seu ardor
Deixando me em torpor
Desnudo de sentimento
Eu procurava sim, em qualquer canto
Qual foi o meu espanto
Que onde menos esperava
Eu vislumbrei um olhar
Não pude acreditar
Você sorriu pra mim
E eu balbuciei
Palavras inaudíveis
Que só o peito escuta
Você me respondeu
Com um silêncio encantador
E reduziu o meu pudor
A trapos e retalhos
Ah! E tudo em volta se transformou
O tempo até se congelou
Pra ver aquele acontecimento
Eu pus a mira em teus lábios
E teus lábios me devolveram o tiro
A intenção me lancinou
A languidez me devorou
Entreguei-me inteiro
E você aceitou cada parte
Sorveu cada gota de minha alma
E quando achava que me exauria todo
Que era um vampiro que me sugava o âmago
No ápice da perdição eterna
Quando não havia mais nada
Do pouco que tinha
Você me deu o seu batom
Então eu soube que era você