Prisioneiro do amor

Tu me encarceraste ao teu amor. Coisa tão bem feita, que desejo, mas não consigo fugir. Creio que estou enclausurado em algo fictício, ilusório. Às vezes gosto de estar preso, porém não me aclimo a esta cela. Nem todos os meus movimentos são destinados a minha libertação. Tantos são os prisioneiros do amor que compartilham comigo o mesmo tormento. Cometi um delito sentimental e estou condenado a sofrer. Você é a testemunha principal deste nosso caso. Tuas palavras me absolverão da solidão.

Nessa perdição que estou é que me encontro. Afinal de contas, quem és tu para traçar meu martírio? Seria dispendioso centralizar minha dor em um único ser. Sou insignificante rastejando em frente a ti, implorando pelo seu ardor. Sinto-me um ser sem préstimo algum. Tudo, por ter em mim algo tão cordato e sincero. Desprezo a sua compaixão. Não quero e nem preciso de suas condolências. Nesse momento de carência, qualquer amor me faria feliz. Entretanto, o meu vício és tu. O teu cheiro me debilita. Seu beijo devasso me arrepia e me estremece. Estou mergulhado em um mar de profunda solidão. Preciso respirar. Tento mas não consigo voltar à superfície.

Porque ainda estou preso a você? Controlaste os meus pensamentos e as minhas emoções. Tenho por certo que a magia está em seu olhar, algo peculiar seu. Percebo que lês atenciosamente cada linha dos meus versos e compreendes o que digo. Quando serás que vai agir? Já mudaste drasticamente atitudes impróprias a meu ver. Contudo, ainda não me trataste somente como amigo ou como amante. Esse é o real motivo, desse ser sem importância, continuar acorrentado aos teus pés. Sou prisioneiro do seu amor e enquanto houver esperanças lutarei para me desembaraçar ou me prender mais.