A CORUJA LEVANTA GAVIÃO

Sexo degolado

do cavalo alado

esparrama avenidas criminais

na esquina da alma a traição

saudade é hóspede

segue estrada afora

a caravana dos abandonados

o rei é vivo

embriagado

no sangue da plebe

eu encho

de lágrimas

o teu ventre

eu visto o traje real

p'ra te amar, sêmem

e suor - coroado pelo sol

Na entrada da cidade

a bruxa-sexy recebe

o santo, a igreja é para o amor

o corpo é aonde/

pé-ante-pé

arranco da sombra

o leopardo

arrastando o sexo

no jardim do teu cio

O cavalo branco espalha

da crina o fogo na rua

- selvageria e doação

Teu corpo é a égua

de uma divindade em fúria,

teu íntimo um lago fumegando céus

Nu - encharco as areias

pelo cajado, certo da suculência

que no oásis te umedece o fruto

Tenho nas botas solidão

e desdém, nas esporas

caravelas levam povos espirituais

Assassino, o gueto é meu,

se a sirene é o anjo denunciando

o invasor, a culpa é longe do ateu

Seja como for, o príncipe

nasceu do mendigo quando eu

te amei, das cinzas a coruja levanta gavião