Tua Boca...

Cai a noite sobre a minha face, longe vai a lua.

Sob o limiar da minha angustia, a solidão explana.

Bendito seja o sol, que ao dia beija a boca tua,

E se vê triste astro invejando a beleza humana.

No crepúsculo indizível, de onde a tristeza emana,

Meus surtos precedem, lágrimas de doloroso sabor.

Minha mão apedreja a má sorte horrenda e insana,

Que me trouxe como presente na vida, este amor.

Suspiro, mas meus ais não acalentam minha alma,

Sequer encontro abrigo sob a tortura das lembranças.

O acoite imprevisível da morte, meu querer espalma.

E revela que sou menos que essas falsas esperanças.

A loucura serpenteia dentre as veias latejantes,

Seguros nas estantes estão os meus troféus.

Respaldos e reticências engavetaram os instantes.

Em que os gemidos delirantes bradavam aos céus...

A noite foge da luz quando a divina aurora peleja,

A sombra se dissipa no monte, dela nada restará.

Raios incandescentes,é o astro que ali agora flameja,

E sua boca que não me beija, novamente o sol beijará...

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 04/12/2008
Reeditado em 27/03/2009
Código do texto: T1319026
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