Tua Boca...
Cai a noite sobre a minha face, longe vai a lua.
Sob o limiar da minha angustia, a solidão explana.
Bendito seja o sol, que ao dia beija a boca tua,
E se vê triste astro invejando a beleza humana.
No crepúsculo indizível, de onde a tristeza emana,
Meus surtos precedem, lágrimas de doloroso sabor.
Minha mão apedreja a má sorte horrenda e insana,
Que me trouxe como presente na vida, este amor.
Suspiro, mas meus ais não acalentam minha alma,
Sequer encontro abrigo sob a tortura das lembranças.
O acoite imprevisível da morte, meu querer espalma.
E revela que sou menos que essas falsas esperanças.
A loucura serpenteia dentre as veias latejantes,
Seguros nas estantes estão os meus troféus.
Respaldos e reticências engavetaram os instantes.
Em que os gemidos delirantes bradavam aos céus...
A noite foge da luz quando a divina aurora peleja,
A sombra se dissipa no monte, dela nada restará.
Raios incandescentes,é o astro que ali agora flameja,
E sua boca que não me beija, novamente o sol beijará...