AMOR A MIL POR HORA
Um carro em movimento sinuoso, dois corpos confundidos;
Impulsos detidos não por muito tempo, um adeus a toda contenção;
Uma audaciosa mão, empecilhos plenamente vencidos;
No acostamento murmúrios e suspiros, furiosa vazão!
Lábios vilões de afãs vulgares, olhos perdidos no céu do prazer;
Bocas que nada queriam dizer, verbos digitados no corpo;
Claustro absorto no gosto a dois e por ambos os poros a se verter;
Bancos traseiros a lhes receber, na viva sentença de um pudor morto!
Pedaços de trajes perdidos ao léu, o tudo se dando imponente;
Volúpia animal esculpida em coito de gente, fome indecente sob celebração;
Ombros cravados por unhas sem ponderação, ato ao mundo indiferente;
Ali todo o resto era o nada ausente, presente somente a latente invasão!
Era dia quando tudo começou e só a noite testemunhou a exaustão a lhes vencer;
Até a combustão arrefecer e a canção partir no tom de outra sinfonia;
Ela em lembranças agora se perdia, do que nem mesmo o futuro lhe faria esquecer;
Ele dela se lembra quando o carro volta a ver e quis eternizá-la nessa poesia!