Ode ao exagero
Ode ao exagero
O que a noite me arranca o sono
E assim insone, me faz prantear
Então aos prantos sinto perpassar
Pela minha cama um triste pensamento
O que me veste com terno de farpas
E então me mata por um só momento
E traz o som de mil funestas harpas
Nas mãos doridas de anjos sangrentos
Pífia carícia que me atrapalha
E me retalha os órgãos por dentro
Que me sufoca e o que me traz alento
Que me beatifica, que me enxovalha
Que me faz execrado e que me expatria
Que me mostra aos músculos a desobediência
Que me mata as noites e me queima os dias
E me traz sorrisos da minha vil demência
Que me arruína as veias e a aparência
Que me traga a pele e o meu sangue talha
E me fere em chagas, e me estraçalha
E me pesa ao corpo a dor da tua ausência