O sol vem
Geralmente é noite.
O poeta está feliz, mas sente frio.
Comenta com a lua: “o sol vai nos aquecer”.
E a lua, crescente:
“Desculpe a sinceridade:
Você fala como criança.
O sol não virá, na verdade;
Não quero criar-lhe esperança”.
O poeta entristece. Logo, volta a ser feliz. Mas sente frio.
Comenta com a lua: “o sol vem nos esquentar”.
E a lua, novamente:
“Engana-se, grande colega.
Já disse que o sol não vem, não.
Notei que a razão sua é cega.
Não quero criar-lhe ilusão”.
O poeta pensa. Não olha para a lua (ele tem medo de olhar para ela).
Ela é bela. Ele pensa:
“Ah, doce lua que insiste
Em negar o sol. Mas por quê?
Eu sei que o sol existe.
Seu brilho se reflete em você!”
E a lua, com frio, lia poemas e sorria.