ESPERANDO TUA VOLTA AMOR

Todas as madrugadas

Às primeiras claridades do dia

Um pedaço de meu sono acorda

Levanta-se da cama

Segue lépido rumo à sala

Abre ofegante a porta

Olha lacrimoso ao derredor

E constata que tu não voltaste

Que não era mesmo sonho

Que, em verdade, foste embora...

Investido de um calma que arde

Volta-se novamente ao quarto,

Essa triste desgarrada parte;

Tenta, montando em mim,

Novamente integrar-se

Como uma alça quebrada de xícara

Pois então percebe

Que o dia acordará breve

Com ele em pedaço

Eternamente perdido

Nestas alaranjadas

Raias da manhã...

Sem ter o que fazer

Ou para onde correr

O fragmento voltará à sala

E lá esperará aparvallhado

Juntos com todos os outros

Meus segmentados nacos;

Os desgarrados de outras noites...

São os fantasmas da esperança

De um dia, enfim, a campainha tocar

Com teu dedo ao outro lado...