A NOITE DOS DEUSES

À S.

Foste a primeira e deste-me a provar alguns dos momentos mais ternos, e ao mesmo tempo dolorosos que jamais passei.

Quando estava contigo sabia que éramos só os dois, apesar dos fantasmas que nos aproximaram estarem demasiado latentes.

Não tenho por hábito viver de recordações e é raro recordar antigos amores, pois sou um homem que vive o seu presente e o tenta projectar para um futuro no qual de certa forma já vivo…

Mas, lá calha, de vez em quando lembro-me de Ti…

Já foi há tanto tempo que custa a contar e eu tantas e tantas vezes me perco nos dias, meses, anos…Mas quero que saibas que uma parte Tua ainda está e estará sempre dentro de mim, não a parte tumultuosa que tanto me aborrecia como me preocupava, mas a tua vertente terna que negavas e que eu demasiadas vezes sublimei até ao nosso fim

A NOITE DOS DEUSES

Tantos olhares

Primeiro precedentes

Depois

Mais consequentes

Com que me abristes as portas

De um certo futuro

Mas de um sólido presente

Tantos beijos

Dados

E que ficaram por dar

Numa onda de ternura

Que de tão intensa

Estava destinada a ser breve

A acabar

Tantas juras

Tanto fogo consumido

Tantos lagos gelados

Que partiste

E até parecia mentira

Quando saias dos teus mundos

Te sentia comigo

Naquela

Noite dos Deuses

Que soubemos

Para sempre

Perpetuar

Mas bem seguros

Um

Em cada

Respectivo

E distante lugar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 29/11/2008
Código do texto: T1310283
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