AMORÓDROMO

Juntar as tralhas
rachar o prato,
partilhar dos cacos,
unir pensamentos semelhantes,
o carinho desconcertante
concernente confortante...
não necessariamente juntar
os trapos num mesmo lugar,
sob um mesmo teto,
mas, deixá-los cair no chão
sem culpa, sem medo ou tensão,
somente tesão com raça, com crença
ao lado da cama
(nosso “amoródromo”)
como se espalha a rama,
deitar e rolar, nós dois,
em cima, embaixo,
atrás, na frente,
fora, dentro,
periferia, centro
de todos os lados...
um por cima do outro
como responso devoto
em todos os credos...
Moto contínuo sem veto
caleidoscopicamente
a refazer desenhos e cores
pronomes oblíquos ou retos
assim pressinto nós dois
orgias de um carnaval
masculino, feminino,
singular e plural
curtindo nossos amores.

Fernando Peltier
Serrinha, 02/11/2008
Antonio Fernando Peltier
Enviado por Antonio Fernando Peltier em 29/11/2008
Reeditado em 05/02/2014
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