suspiros de um desafinado

perdi teu sorriso

na instabilidade dos ventos do sul

que me conduziram prum samba de raiz

naquele sábado regado de sensações surreais;

havia traços de perfeição naquela noite fria que me envolvera.

confuso em minha melodia

acabei trocando o sorriso de uma mulher incrível

pelo samba seco que durou poucos acordes

suficientes para desconcertar minha toada.

tentei me reabilitar,

retomando a regência da canção aos poucos

e consegui dar a volta por cima de meus próprios impasses;

assim, estive de novo frente a frente com o sorriso daquela mulher, indescritível.

ao final da noite,

observamos a variação dos limites do ser humano

em ensaios sobre cegueiras e delírios da humanidade

que provocaram fortes reações em nossos olhares;

permaneci estático e desacordado,

mesmo enquanto ela apertava firme meu braço;

mas nem assim, espantada, ela perdia aquele sorriso fascinante.

fechamos o dia com um pensamento regado por um café com prosa rápido

e nos despedimos trocando olhares indecifráveis aos mortais.

de fato, a deixei escapar sem beijá-la

e essa falha me acompanha em alguns sonhos,

atormenta-me, rouba meu sono no alto da madrugada.

não há suspiro que retorne aquela chance única

de me aproximar daqueles lábios macios

e experimentar a sensação ímpar

de transitar próximo a alma desta apreciável mulher.