À SANTA CATARINA
À Santa Catarina
Bela deusa exuberante
Cabelos dourados como o sol
E voz sensual, sussurante
Nas ondas de tuas costas
Galopa o vento nordeste
Feroz escondido entre as nuvens
Escuras de medo e desespero
Pronto para atacar seu sossego.
Brincam o sol, o verão em tuas praias
Sugando em seu beijo caloroso
Tua saliva salgada meio derramada
Pelos cantos de teus lábios
Ela desce escorregando por teu peito
Como se fosse leito de muitos rios
Em teus pelos um arrepio
Se fez noite e o nordeste traz o frio.
Bela deusa tão aconchegante
Teu corpo uma canção de ninar
Teus olhos um sonho de amor
Hoje cheios de lágrimas e dor
Bela deusa de poderes infinitos
Envia ao céu teu forte grito
E pede ao Pai ouça teu pedido aflito
E envie anjos para ajudar-te no conflito.
Bela deusa não chore teus filhos mortos
Nos caminhos sinuosos e cheios de lama
Sabeis que somos todos fios de única trama
Vez ou outra, aqui e ali se repete o drama.
Bela deusa, conserve a esperança!
Para teus novos rebentos, tuas novas sementes...
Que hão de surgir no meio desta gente
Que como tu hoje coberta de lágrimas e dor
A ti tanto implora, dê-lhes o amor que consola,
A fé que renova o sorriso de uma criança
A certeza de que o lema é não desesperar
Aguardar, lutar e confiar.
O nordeste continua a soprar
O planeta a girar em sua órbita
Deusa ainda tem teus poderes
E sabes onde encontrar a resolução
Varra a última mancha de teu coração
E liberte-se desta ilusória prisão
Deusa de beleza e cultura sem igual
Modelo no panteão nacional
Erga seus braços para o Pai infinito
E retorne com seus abraços
Seus filhos queridos esperam
Sua força maternal, a firmeza de seu solo.
Onde poderão enterrar sonhos mortos
E revirar a terra na ânsia contente
De germinar novas sementes
Não se esqueça de tua gente.