A vela...
Num momento, a imagem de uma vela,
Acesa, com sua sombra bruxuleante,
Chegou aos olhos meus...
Parei.
E fiquei a reparar nela...
Pensativa e quieta, sem a pressa costumeira...
Então eu vi...
A vela vai se consumindo, vai chorando...
Suas lágrimas formam mil desenhos
E escorrem, tão silentes, para o nada...
Parecem pérolas, assim, encordoadas...
O velho castiçal ampara a vela,
Mas a ampara para que ela se consuma;
E recebe suas lágrimas mui quieto...
Ele chora também...
E para que alguém tenha uma Luz
É preciso que uma vela, docemente,
Vá se imolando, como Cristo sobre a cruz...
E quando vem o escuro
A luz da vela se grava na retina...
Mas depois se vai... A gente a esquece.
Assim são todas as velas.
É esta doação que me seduz...