ÂNSIA DE LACRIMEJAR

Com o sair da luz e a chegada das trevas,

A ausência do mundo me toma o caminho,

Longe do equilíbrio, onde paira silêncio,

Agoniza em minha garganta a ânsia de lacrimejar.

Uma luminária distante me mostra um apoio,

Lugar de origem, deserto que traça a abertura do pensamento

Tal pensamento, ferramenta do homem que trabalha com sonhos

O que em extrema ousadia persiste em não tê-lo como objetivo

A espera de uma salvação, de um sentido na vida

Uma reação da ação, a presença de uma palavra

Procurando ter alguém por perto, ou apenas mais um corpo

Uma afetividade aberta, ou um espelho mórbido

Estou almejando em meio à luz e sua deficiência

A tua chegada, na expectativa que não venha demorar

E sei que o imediato pode se tornar vagaroso

O que poderia mudar, ou ter fim, poderá ser eterno

Tempos alongados em uma existência pequena

Que prontamente improvisa os itens do que sou agora

Mas que nada disso importará sem a tua presença

Que sem ela, só aumenta a minha ânsia por lacrimejar

A pretensão do amor em vida e a atuação da saudade

Me mostrarão um futuro prospero ou um fugaz passado

Que estarão expressados em cicatrizes no meu rosto

Mas, nem sei, se quando me olhar no espelho poderei entender