O ACASO É PADRINHO DO NOSSO AMOR
O acaso foi padrinho de nosso caso...
Ela veio pela margem esquerda
Tropeçou no meio-fio
Quebrou o salto na lixeira
Que também quebrou-se ao vê-la...
Caiu brejeira em meu colo
No começo da escada
Xingando a mãe do solo
Como uma metralhadora engripada
Dali para frente
Foi papo-furado, café e bala
Mais para frente foram
Dezenas de chopes
Regados em amendoim e açoites...
Saímos direto do cinema
Sem receio das luzes da noite
Para aquele motel marginal
Desfrutar-nos na cama redonda,
Uivando em delirante sexo animal
Olhando os próprios rostos no teto
Como fora um rito tribal...
Foi esse o nosso louco encontro!
Falei e pronto... O acaso foi padrinho nosso
O caso? Esse já foi para o espaço
Hoje sou casado com outra
A honesta mãe dos meus filhos
Que nunca levei ao cinema,
Só transo com ela em casa
Somente papai-e-mamãe,
Porcamente e muito mal,
Em meio aos presentes
Das crianças
Embaixo da árvore de natal