A Vida Começou...
A vida começou no momento em que te vi...
Ou, melhor ainda: Quando te ouvi...
E percebi que não serias jamais meu quinhão.
Entretanto uma Força
Que transcende ao humano coração,
Te fez para mim como a um irmão!
Quis cantar! Cantei... E me calei
Envolvida por um grande silêncio...
Então, cantaste para mim,
E eu segui o som de tua voz,
Sempre de longe...
- Das lonjuras do Sem Fim...
Para onde iremos nós, alfim...
Ao longe um sino toca. Quando eu te conheci
Os sons eram alegres, chamando os fiéis!...
(- Às vezes, quando estou triste,
Eu os ouço: eles dobram finados...)
Mas por mais triste que esteja o mundo
Ao meu redor,
Meu coração é um imenso sorriso,
Pois vejo teu olhar profundo
Feliz... E cantando com ardor!...
A tua Felicidade
É o meu galardão!
Faíscas de estrelas escapam de ti
E vêm alegres,
Enfeitar minha mão...
E tua Luz é tanta
Que me faz luminosa
Em doce sorrir!
E eu canto! Ah! Eu canto!...
E nossas vozes em dueto
Fazem-se uníssono!...
São sons de Acalanto...
Somos um grande acorde Maior
Em pura harmonia!
E a noite é dia:
É o colorido da vida
Que me doaste, a mim,
Quando colocaste estrelas em minha mão...
Suave canção...
E tu me deste um presente
Em agradável surpresa
De tons musicais:
“As minhas canções...”
....................................................................
Desce o pano! Fecha-se o palco!
O teatro vazio...
Sons de cristal
Acompanham
A mim e a ti...
Para nós a música não cessa jamais...
Sobre a pauta, mágicas notas
Se inscrevem e escreves...
Todos os instrumentos
Seguem a tocar...
Não há como parar...
Não sou tua Musa
Nem és meu quinhão,
Mas uma ligação
Inexplicável
Une a mim e a ti...
- Música é união...
Violino e arco,
Piano e mãos,
Um não é sem o outro...
Então percebo
Que o que nos une
É a alma sensível
Que se completa
Na eterna união
De sons harmoniosos...
Do Mestre, a pupila
Só tem a aprender:
- Resgataste-me a Vida!
Não cantar é impossível!
- Cantar é viver!
E se és meu irmão,
Juntos vamos crescer...
Juntos, durante toda a vida!
Juntos... Até o momento de morrer!
Até aquele dia
Em que iremos ver
Que “só um” na música
Irá permanecer...
Não haverá acorde:
Apenas melodia...
Mas o outro virá
Cantar meigas canções
Que só nossos corações
Poderão perceber...
E então, talvez mais adiante, ainda
Outro dia virá...
E o que foi, voltará,
Para vir buscar
O que aqui ficou,
E outra vez compor
O Acorde Maior
Que no Céu cantará!...
Duas vozes, uma canção!
Duas vozes... A Salvação
Irão de fruir,
Cantando no Céu
Louvor e Oração!...
E só os corações puros saberão ouvir...