ONTEM, HOJE, AMANHÃ...
Hoje sou aquela que te espera
Sem saber nem pelo quê anela:
Eu não consigo mais nem me entender!
- Tu foste o homem que um dia conheci
Ou foste a miragem do que “pensei que vi”
Cega de amor e sem realmente compreender?...
Ontem, eu fui tua Musa... A que dispensaste
Sem dizer “adeus...” A com quem brincaste
Satisfazendo um delírio teu...
Hoje, eu não sou a tua mulher.
Te amei como se ama o que mais se quer,
Mas não sou a mesma que a ti se deu...
Amei a miragem! Era um desconhecido!
Que nunca se deixou nem quis ser conhecido
No seu coração e seu “eu-interior...”
Julgo-te mal?... É possível. Perdoa-me.
Talvez... Não tenha perspicácia, como vês!
Amanhã... Qual será a minha estrada?
Andarei ao léu, lenta, magoada,
Machucada pelo que não entendi?
Haverá amanhã?... Sim, haverá.
Mas a saudade imensa ficará
Sufocada, pois demais por ti sofri...
O olhar triste voltou a emoldurar
Um rosto que sofreu por muito amar:
O rosto da “mulher dos olhos tristes...”
No amanhã sorrirei com os meus lábios,
Mas lembrarei para mim todos os sábios
Conselhos que te dei... Mas deles riste...
A profecia se cumpriu! E a maldição,
As pesadas correntes em minha mão,
Fazem-me sangrar...
E tu ironizas o meu triste sofrimento,
Como brincaste com meu sentimento
Tanto que hoje estás a me ignorar...
Minha vingança? Não terás jamais!...
Eu sou feita daqueles cristais
Que só emitem os sons puros, cristalinos...
Se algo há a perdoar, eu te perdôo...
Mas, me permitas alçar um longo vôo,
Para muito longe dos teus desatinos...
E nunca mais voltar...
... Pois eu nasci no tempo errado...
- Haveria, quiçá, um tempo certo?...
Neste mundo, onde tudo é incerto,
Eu sei...
Eu busquei um cavalheiro...
- Mas encontrei apenas um palhaço!...