Succubus

Uma perdição de olhos vermelhos,

rubros de vergonha desdenhosa,

de sangue perverso e escandaloso.

Uma súplica delirante

de vãos momentos de pífia loucura,

um assombro, um arroubo de leviandade.

Uma grande obscenidade,

uma lascidão amarga e vil,

lampejo de meus dias,

tormento de meus sonhos.

Mornos desencontros de noites

frias, de setembros negros,

de fugazes apegos, de elegias

eternas à impureza de desejar,

de sentir correr nas veias largas,

calibrosas, largadas.

Uma explosão de mudo estupor,

uma estúpida palavra vazia

lançada ao vento como nada,

como um apêndice inútil,

sacramente venerado

no rito profano e pervertido

da boca do lixo dos dias que se vão.

Um vão a ser preenchido.

Temeridade de sonoros nãos,

fístulas e pústulas abertas

na boca escancarada,

rasa e sádica

de um mero suplicante.

O fim.

Meu fim.

.

.

.

Há fim?