Desejo
Feche eu os olhos, apenas um estremecimento
Meu corpo inerte, meu cérebro que nada deseja
E já não quer saber o que é viver
Um encontro à consciência do meu ser todo.
Inutilmente em mim desejos de gozar...
Desejo que me deram tantas horas tão felizes
A graça feminil, a mulher bela que amo
Fazendo-me caricias ao corpo numa só caricia à alma.
Vivemos separados! Ah, mas a alma
Fruto do sonho que afagamos e amamos
Beija-nos silenciosamente com a lembrança
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena.
Tenho pela vida um interesse ávido
Como um aroma, uma voz, um eco de prazer
Por aquela felicidade que nunca mais tornarei a ter
Dum corpo de mulher que foi meu outrora e cujo cio sobrevive!...