Mãos jogadas
Frias mãos de tudo inválidas,
as mãos da dor,
as mãos do amor,
as mãos de nada.
Cortei-as em mim, inda sendo tuas,
porque assim me pediu o tempo
e eu as achei na rua,
abandonadas e nuas...
como mãos de ninguém.
Resta abraçar-me sem elas
e quando teu olhar achar o meu,
na alma nascerá outra aquarela
pintada por esse outro amor nosso.
Frias mãos assim também essas minhas,
secas desses abraços,
cheias de agonias,
como um desfestejado abraço entre nós dois,
um que amou,
outro que ficou,
algo dos dois que se foi!