Que fazer?
Se a tivesse nos braços, o que faria?
Me entregaria ao afã canibal
que me devora quando penso nela?
Me deixaria me levar pela maré profusa
de dores, odores e ardores?
Deitaria em teu colo, beijaria teu seio
e me permitiria a plenitude de uma vida
em um momento tão curto?
Ou negaria e lutaria, controverso,
rasgado de alto a baixo, como um trapo
gasto, sujo e esfarrapado,
por minha sanidade?
Furtaria-me a tê-la, sôfrega e pueril,
entregue aos meus encantos e desejos,
à mercê de minha loucura?
Negaria-me a fazê-la provar da ambrosia
que escorre das encostas do Paraíso?
Dúvida fútil, crua e inútil,
vil serpente em meu covil rotundo,
inocula-me a efêmera resposta!