A solidão de pensar em ti

A solidão de pensar em ti fere e

sangra a alma como se

um punhal atravessasse

a carne pouco tocada.

Ainda não curei-me de ti.

Talvez esteja eu em plena

crise de abstinência,

assim como os dependentes.

Não adianta acordar o dia

ou adormecer a noite se

tuas palavras insanas e

teus desejos obscenos

povoam meus pensamentos,

açoitam o pouco do juízo

que ainda me resta e

ecoam em meus ouvidos

como um castigo

que não quero.

Não consigo gastar as

palavras, diluir os versos,

rasgar os poemas que foram

tantos e feitos todos para ti.

Há algo no tempo de agora

que insiste fazer-te dentro

de mim uma voz que ressoa

e transborda em cada

resquício do que sinto.

As músicas que ouço dizem

sempre algo de ti nas vozes

de Ana, Adriana, Nana –

enquanto a Poetisa tece versos.

É somente a solidão de pensar em ti

que continua lembrando-me a todo

instante de tudo o que fomos

e de tudo o que vivemos.

Mesmo que essa lembrança

esteja agora apenas dentro de mim.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 24/11/2008
Reeditado em 25/11/2008
Código do texto: T1301519
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