A solidão de pensar em ti
A solidão de pensar em ti fere e
sangra a alma como se
um punhal atravessasse
a carne pouco tocada.
Ainda não curei-me de ti.
Talvez esteja eu em plena
crise de abstinência,
assim como os dependentes.
Não adianta acordar o dia
ou adormecer a noite se
tuas palavras insanas e
teus desejos obscenos
povoam meus pensamentos,
açoitam o pouco do juízo
que ainda me resta e
ecoam em meus ouvidos
como um castigo
que não quero.
Não consigo gastar as
palavras, diluir os versos,
rasgar os poemas que foram
tantos e feitos todos para ti.
Há algo no tempo de agora
que insiste fazer-te dentro
de mim uma voz que ressoa
e transborda em cada
resquício do que sinto.
As músicas que ouço dizem
sempre algo de ti nas vozes
de Ana, Adriana, Nana –
enquanto a Poetisa tece versos.
É somente a solidão de pensar em ti
que continua lembrando-me a todo
instante de tudo o que fomos
e de tudo o que vivemos.
Mesmo que essa lembrança
esteja agora apenas dentro de mim.