SONHOS

Dos sonhos que eu tenho posto em embargo
Sempre pelo medo do rancor alheio
Acabo pisando em terreno instável
Vagão a esmo, perdido e sem freio

Dos sonhos que tento evitar o entendimento
Procuro uma forma de vertê-los em luz
Mas me entrego à frivolidade do momento
Em que o sonho, sem perceber, me conduz

E, desses sonhos, devaneios encarceirados
No coração pobre e tosco de um aprendiz
Denuncio em rompante, que meus atos pensados
São tudo que mesmo não querendo eu fiz

Só um sonho machuca amiúde
Mas desse quero ver quem se afugenta
Tentei me esquivar, fiz o que pude
Mas o amor faz seu castelo e ostenta

Quase que eu me enredo no seu cândido veneno
Ou será que já me dei a provar desse encanto?
Pois sempre que me vejo livre desse pranto
Vem você com seu beijo quente e sereno

Dos sonhos que eu tento evitar no momento
Só um me persegue aviltante e voraz
Mas é tão fascinante esse tal sentimento
Que me deixo levar pelo gosto fulgáz

Desse beijo doce e ardente
Que de boca em boca
Faz um sonho
Dentro da gente

Edu Silveira
Enviado por Edu Silveira em 24/11/2008
Reeditado em 24/11/2008
Código do texto: T1301309