ELA e ELE: SOL-PORES ARQUEJANTES...
Ela, amanhecida de asas à luz
Ele, tardinha vermelha desmaiada
Procuram-se e acham-se no meio-dia
Justo no meio-dia, em que o Pai Sol
traça a linha branca do meridiano
e perfura as ameaças das sombras
Nesse momento, nessa altura zenital
ela, clarão de futuros, oferece-se a ele
com ânsias livres e brandas e rubras
ele abraça-se a ela genital e nevoento,
envolve-a no sol-pôr aflito do desejo
É então que ambos, ela e ele, exploram
os ofegos pausados do prazer
os luares ainda não acontecidos
os beijos brandos florescentes
Rebentam na manhã estreme e nua
sol-pores arquejantes em artifício franco