Coisa estranha
Meu inferno fica ao lado do teu céu
e em ambos deixo as palavras,
pobres palavras ricas
e cheias de lavras
onde a lava não queima
e a larva não estraga.
Noto-me distante e apagado
quase esquecido, quase acabado
onde renasce uma flor
cheia de cheiro, cheia de sabor,
a única flor que não morre
e tudo quer, tudo pode
além desse inferno e desse céu vividos
que, posto neste papel,
aqui não cabe, aqui não nasce, aqui não vive!