AMADA
Um óbito rijo no horizonte é contemplá-lo sem te ver;
É me perder em meio a fúlgidas lufadas de amargas saudades;
Qual o apartar das claridades, qual abraçar o fenecer;
É o que sinto ao perceber quão pouco posso ter de tuas maviosidades!
Perdoa meu afeto tão insurgente quanto se mostra ardente;
É que me sinto transeunte rente às torrentes da imensidão;
Um coração refém de apaixonada anistia indulgente;
Que aos altos céus facilmente se estende, quando guiado por tua mão!
Meu imanente olhar é vão aventureiro iconoclasta;
Porque tu és muito mais vasta que todas as tuas contra-indicações;
As tuas contradições conseguem se tornar lógica que me basta;
Tua maré me arrasta, sou pássaro voando indesistível aos teus verões!
Declaro solenemente inconcluso o meu poético protesto;
E nele atesto que tu devias ser destino de toda estrada;
Pura sublimidade é minha amada, e o entretanto não passa de resto;
Dou-me, vendo-me ou me empresto, porque sem ela mesmo o tudo não passa de nada!