AMADA

Um óbito rijo no horizonte é contemplá-lo sem te ver;

É me perder em meio a fúlgidas lufadas de amargas saudades;

Qual o apartar das claridades, qual abraçar o fenecer;

É o que sinto ao perceber quão pouco posso ter de tuas maviosidades!

Perdoa meu afeto tão insurgente quanto se mostra ardente;

É que me sinto transeunte rente às torrentes da imensidão;

Um coração refém de apaixonada anistia indulgente;

Que aos altos céus facilmente se estende, quando guiado por tua mão!

Meu imanente olhar é vão aventureiro iconoclasta;

Porque tu és muito mais vasta que todas as tuas contra-indicações;

As tuas contradições conseguem se tornar lógica que me basta;

Tua maré me arrasta, sou pássaro voando indesistível aos teus verões!

Declaro solenemente inconcluso o meu poético protesto;

E nele atesto que tu devias ser destino de toda estrada;

Pura sublimidade é minha amada, e o entretanto não passa de resto;

Dou-me, vendo-me ou me empresto, porque sem ela mesmo o tudo não passa de nada!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 21/11/2008
Código do texto: T1296127
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