ELA e ELE: «... AS NOSSAS BOCAS JUNTAS.»

Ela lê o soneto excelente de Florbela,

bela flor aberta de versos perfeitos:

«Eu bebo a Vida...» (diz) como vinho.

E evoca licor cordial e clássico, enquanto ele escuta,

copo em mão, suspenso da beleza dos versos,

da beleza dela.

Esquecem-lhe o vinho e o copo e a lírica

E procura, amoroso, cumprir o ditado

do verso final: «O mundo, Amor! ...

As nossas bocas juntas!»

Em êxtase, contemplativo, tenta (ela permite,

submersa na gostosa conclusão) tecer boca

com boca, língua com língua, em beijo

entranhado, comprido e terno, ... eterno