CENTAURA dos MEUS GALOPES

O mundo nasceu dos nossos corpos

quentes de amor

Em cada latitude do sonho

um anjo armado com olho em chamas

Fui teu - e você minha

entregamos no deleite ao outro

a pérola que o universo guardou no centro da alma

relinchosos de uma fúria que volteia a doçura

quanto mais desfalecemos lenda despertando aninhados

pelo estraondo da noite estilhaçada

na rouquidão de faca do galo que anuncia

que a hora do amor atravessa o dia

Centaura dos meus galopes desvairados

eu te planto no sexo o rio que escorre

fervuras loucas, e te bebo a rosa

o mel que rodopia meus olhos

na vertigem turbilho'estelada,

do coração deito raízes rouxinadas

pois do anjo visto o sobretudo do Dilúvio

e peixifico tua gruta estalando transbordos

O amor desliza estabanáutico calçando botas de cometas

no frenesí da doação sem trégua

cuja regra é não respeitar limite

p'ra te amar

encaixando continentes no teu corpo em brasa

ao desenhar pelo grito a bandeira eterna

do viver na tua alma

a benção de só te amar pela gula na ternura